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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016















A FALA DA NOITE

O país do princípio de outubro só tinha
Frutas a se rasgar no chão, seus passarinhos
Chegavam a soltar gritos de ausência e pedra
No alto flanco curvado vindo rumo a nós.

Minha fala da noite,
Çomo uva de um outono tardio tens frio,
Mas o vinho já queima em tua alma e eu encontro
Meu só real calor: teu verbo fundador.

A nave de um findar de outubro, claro, pode
Vir. Saberemos misturar as duas luzes,
Ó minha nave iluminada em mar errante.

Clarão de noite perto e clarão de palavra,
— Bruma que subirá de toda coisa viva
E tu, meu rubescer de Limpada na morte.

Yves Bonnefoy
Tradução: Mário Laranjeira
In “Obra Poética”
Editora Iluminuras

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