"Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma." - Cora Coralina
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quarta-feira, 21 de maio de 2014
terça-feira, 20 de maio de 2014
Para a minha Mãezinha Querida, que agora está em outro Plano!
A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Por que eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.
(Santo Agostinho)
segunda-feira, 19 de maio de 2014
A MULHER E A TARDE
O denso lago e a terra de ouro:
até hoje penso nessa luz vermelha
envolvendo a tarde de um lado e de outro.
até hoje penso nessa luz vermelha
envolvendo a tarde de um lado e de outro.
E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,
e em nuvens beijando os azuis e os roxos.
e em nuvens beijando os azuis e os roxos.
Até hoje penso nas rosas de areia,
nos ventos de vidro, nos ventos de prata,
cheios de um perfume quase doloroso.
nos ventos de vidro, nos ventos de prata,
cheios de um perfume quase doloroso.
Perguntava a sombra: " Que há pelo teu rosto?"
"que há pelos teus olhos?" - a água perguntava.
"que há pelos teus olhos?" - a água perguntava.
E eu pisando a estrada, e eu pisando a estrada,
vendo o lago denso, vendo a terra de ouro,
com pingos de chuva numa luz vermelha...
vendo o lago denso, vendo a terra de ouro,
com pingos de chuva numa luz vermelha...
E eu não respondendo nada.
Sonho muito, falo pouco.
Sonho muito, falo pouco.
Tudo são risos de louco
e estrelas da madrugada...
e estrelas da madrugada...
Cecília Meireles
In "Vaga Música"
In "Vaga Música"
domingo, 18 de maio de 2014
UM DIA...
Qualquer dia desses
espero por você, nas
margens de um rio.
Ou no fundo de uma
ilusão perdida, num
sussurro ao vento......
Um dia desses verei
você chegar, junto com
as espumas do mar.
Seu olhar envelhecido,
será de um menino a
me fitar...
Quando você chegar
decifrarei a sua essência ,
Adentrarei em seu mundo,
despertarei de um sonho
concebível, me perder em
tanto amar...
Rosely Andreassa
03/05/2014
CULTIVO UMA ROSA BRANCA
Cultivo uma rosa branca,
em julho como em janeiro,
para o amigo verdadeiro
que me dá sua mão franca.
E para o cruel que me arranca,
o coração com que vivo,
cardo, urtiga não cultivo:
cultivo uma rosa branca.
José Martí - Trad. de Anderson Braga Horta
Contribuição: Ramos Sobrinho
Querem saber como vivo? lhes direi...
Vivo do vento que me mantém lúcida e acordada para que eu não adormeça na
caminhada.
Vivo do mar que me limpa do cansaço da luta e me recompõe para que eu continue.
Vivo das cores que me ensinam os remédios e os alimentos para que eu sobreviva
forte para trabalhar.
Vivo da riqueza do meu melhor esforço, meu amor.
Planto-o por onde passo, não perco nem mesmo a terra de um vaso quebrado, pois
ali a semente germina.
E sou feliz assim.
Sou simples, pois preciso de pouco Sou calma, pois aprendi a esperar.
Tudo vem.
E o campo arado e adubado produz coisas melhores, que valem a pena ser
preservadas.
Falo pouco, pois optei por grandes ocupações, como um trabalho escolhido de
ouvir e por isso não me sobra tempo para as palavras.
Penso muito, mas corretamente.
Desejo só o necessário, ocupo pouco espaço e por isso não sofro por possuir.
Sou feliz, sou abençoada, sou reconfortada e apreciada.
Sou aquilo que todos lutam para obter.
Querem saber quem sou eu, já que sabem como vivo?
SOU A PAZ...
(texto enviado por Silvana Caminiti, não sei se é de sua autoria)
sexta-feira, 16 de maio de 2014
XX
Estou sentado sobre a
minha mala
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!
Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas... E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...
Às águas fundas... E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...
Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo
Pra
que partir? Sempre se chega, enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?
Mário Quintana
In Rua dos Cataventos
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Eduardo Galeano
A função da arte/1
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que
descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas
altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia,
depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a
imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao
pai: — Me ajuda a olhar!
sexta-feira, 9 de maio de 2014
A MEUS FILHOS
Estou aqui ao lado,
à margem de seu caminho,
vendo você passar.
Quero que vá sozinho
mas me mantenho por perto.
Se o rumo é certo,
me aprumo e aplaudo;
se é via tortuosa,
jogo-lhe aos pés uma rosa
pra que desviando dela
você chegue a outro lugar;
se a sombra é fria,
mando-lhe um beijo quente;
se o chão queima do sol nascente,
estendo-lhe a poesia
para que o possa atenuar,
se não houver alimento,
peço ao vento
sementes que lhe tragam vida.
Para a sede,
roubo do céu a lágrima caída da madrugada.
Mas se você não precisar de nada,
ainda assim eu estarei vigiando,
escondida talvez atrás de um querubim.
Abençoarei sua vida e sua estrada,
mesmo que já esteja transformada
na forma clara e casta de um jasmim.
à margem de seu caminho,
vendo você passar.
Quero que vá sozinho
mas me mantenho por perto.
Se o rumo é certo,
me aprumo e aplaudo;
se é via tortuosa,
jogo-lhe aos pés uma rosa
pra que desviando dela
você chegue a outro lugar;
se a sombra é fria,
mando-lhe um beijo quente;
se o chão queima do sol nascente,
estendo-lhe a poesia
para que o possa atenuar,
se não houver alimento,
peço ao vento
sementes que lhe tragam vida.
Para a sede,
roubo do céu a lágrima caída da madrugada.
Mas se você não precisar de nada,
ainda assim eu estarei vigiando,
escondida talvez atrás de um querubim.
Abençoarei sua vida e sua estrada,
mesmo que já esteja transformada
na forma clara e casta de um jasmim.
Flora Figueiredo
In Florescência
In Florescência
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Querem saber como vivo? lhes direi...
Vivo do vento que me mantém lúcida e acordada para que eu não adormeça na caminhada.
Vivo do mar que me limpa do cansaço da luta e me recompõe para que eu continue.
Vivo das cores que me ensinam os remédios e os alimentos para que eu sobreviva forte para trabalhar.
Vivo da riqueza do meu melhor esforço, meu amor.
Planto-o por onde passo, não perco nem mesmo a terra de um vaso quebrado, pois ali a semente germina.
E sou feliz assim.
Sou simples, pois preciso de pouco Sou calma, pois aprendi a esperar.
Tudo vem.
E o campo arado e adubado produz coisas melhores, que valem a pena ser preservadas.
Falo pouco, pois optei por grandes ocupações, como um trabalho escolhido de ouvir e por isso não me sobra tempo para as palavras.
Penso muito, mas corretamente.
Desejo só o necessário, ocupo pouco espaço e por isso não sofro por possuir.
Sou feliz, sou abençoada, sou reconfortada e apreciada.
Sou aquilo que todos lutam para obter.
Querem saber quem sou eu, já que sabem como vivo?
SOU A PAZ...
Vivo do vento que me mantém lúcida e acordada para que eu não adormeça na caminhada.
Vivo do mar que me limpa do cansaço da luta e me recompõe para que eu continue.
Vivo das cores que me ensinam os remédios e os alimentos para que eu sobreviva forte para trabalhar.
Vivo da riqueza do meu melhor esforço, meu amor.
Planto-o por onde passo, não perco nem mesmo a terra de um vaso quebrado, pois ali a semente germina.
E sou feliz assim.
Sou simples, pois preciso de pouco Sou calma, pois aprendi a esperar.
Tudo vem.
E o campo arado e adubado produz coisas melhores, que valem a pena ser preservadas.
Falo pouco, pois optei por grandes ocupações, como um trabalho escolhido de ouvir e por isso não me sobra tempo para as palavras.
Penso muito, mas corretamente.
Desejo só o necessário, ocupo pouco espaço e por isso não sofro por possuir.
Sou feliz, sou abençoada, sou reconfortada e apreciada.
Sou aquilo que todos lutam para obter.
Querem saber quem sou eu, já que sabem como vivo?
SOU A PAZ...
(texto enviado por Silvana Caminiti, não sei se é de sua autoria)
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Dá-me a tua mão.
Dá-me a tua mão e partamos pelos ancestrais caminhos
onde o mar outrora colhia os sorrisos da infância.
Dá-me a tua mão neste momento em que já nada
me resta.
Em que todos os dias me conduziram às negras
alamedas de cidades que me eram adversas.
Esqueci as sendas onde a nudez da água
habitava os meus passos.
Perdi-me entre as pedras
julgando garantidas as promessas que imortalizavam
as velhas árvores protetoras dos gestos inseguros.
Por favor.
Dá-me a tua mão.
Fernando Gregório
Fonte: http://interludioemflor.blogspot.com/
sábado, 3 de maio de 2014
ÀS VEZES
Às vezes, quando um pássaro chama
ou entre os ramos algum vento sopra
ou nalgum pátio longe ladra um cão,
por longo tempo eu escuto e me calo.
ou entre os ramos algum vento sopra
ou nalgum pátio longe ladra um cão,
por longo tempo eu escuto e me calo.
Minha alma voa para o passado,
para onde, há mil esquecidos anos,
o pássaro e o vento que soprava
mais pareciam meus irmãos e eu.
para onde, há mil esquecidos anos,
o pássaro e o vento que soprava
mais pareciam meus irmãos e eu.
Minha alma faz-se uma árvore,
um animal, um tecido de nuvens...
Transfigurada e estranha, volta a mim
e me interroga. Que resposta lhe darei?
um animal, um tecido de nuvens...
Transfigurada e estranha, volta a mim
e me interroga. Que resposta lhe darei?
Hermann Hesse
in: Andares
(Tradução de Geir Campos)
in: Andares
(Tradução de Geir Campos)
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Conversas no Recife - Ramos Sobrinho
Conheci um lugar
onde todas as manhãs eram inúteis.
Não davam lucros.
Eu beijava belas mulheres,
com extrema ternura,
folheando revistas.
E durante anos depois,
estudei poéticas e economias científicas
tentando compreender a ganância global.
Conheci um lugar
onde todas as manhãs eram fictícias.
E belas, pois me suspendiam para atravessar os abismos.
O pior veio muito tempo depois.
Confiante,
contei tudo a Laura.
Como quem se abriga no alto da montanha.
Mas, que nada,
Laura brandiu a suave mão no meu rosto.
E eu só recordava o bairro de Água Fria,
simplesmente.
Maio - Benedito da Cunha Melo
Numa clara visão de céus escampos,
Voltas, enfim, mais pródigo em carinhos:
Ouço mais vozes, Maio, pelos ninhos,
Vejo mais flores, Maio, pelos campos...
Voltas, enfim, mais pródigo em carinhos:
Ouço mais vozes, Maio, pelos ninhos,
Vejo mais flores, Maio, pelos campos...
Mais insetos reluzem como lampos
Ao teu sol matinal pelos caminhos,
Que os dias vão encher de passarinhos
E as noites vão cobrir de pirilampos.
Ao teu sol matinal pelos caminhos,
Que os dias vão encher de passarinhos
E as noites vão cobrir de pirilampos.
Ouve, Maio feliz, quando te fores,
Tu que és o mês dos noivos e das flores
E todo coração da terra invades,
Tu que és o mês dos noivos e das flores
E todo coração da terra invades,
Abre-me o seio, as tuas mãos piedosas,
E deixa um pouco dessas tuas rosas,
Para minha alma que só tem saudades.
E deixa um pouco dessas tuas rosas,
Para minha alma que só tem saudades.
(Goiana, 25.03.1911 - Jaboatão dos Guararapes, 06.10.1981)
Coleção Plataforma para a Poesia
Coleção Plataforma para a Poesia
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Cerquemos,
eu e tu,
de todos os sóis
a minha e a tua pele.
eu e tu,
de todos os sóis
a minha e a tua pele.
Abandonemos à luz
e ao excesso,
à sede e à cor,
a minha e a tua pele.
e ao excesso,
à sede e à cor,
a minha e a tua pele.
Até que queime
cerquemo-nos,
eu e tu, de todos os sóis!
cerquemo-nos,
eu e tu, de todos os sóis!
Até que arda
e inflame,
cerquemo-nos de nós!
e inflame,
cerquemo-nos de nós!
Há um território
inexplorado
em nossos corpos.
E é ali,
onde possível seria
um Encontro.
Fôssemos eu e tu,
astros, a isto
chamaríamos conjunção...
inexplorado
em nossos corpos.
E é ali,
onde possível seria
um Encontro.
Fôssemos eu e tu,
astros, a isto
chamaríamos conjunção...
No entanto,
somos terra, eu e tu,
se vê na pele, em cor,
calor.
somos terra, eu e tu,
se vê na pele, em cor,
calor.
Somos terra,
eu e tu,
com a possibilidade
de expedições
até
ali
onde há
um território óbvio,
próximo e vazio,
porque distante de viajantes ociosos
e porque ausente de atrativos fáceis,
eu e tu,
com a possibilidade
de expedições
até
ali
onde há
um território óbvio,
próximo e vazio,
porque distante de viajantes ociosos
e porque ausente de atrativos fáceis,
Ali,
no limite
onde encontram-se
a minha e a tua pele,
corporifica-se a alma,
pois há um território
onde nunca,
amigo, nunca anoitece.
no limite
onde encontram-se
a minha e a tua pele,
corporifica-se a alma,
pois há um território
onde nunca,
amigo, nunca anoitece.
Por isso,
podemos colher todos
os sóis.
podemos colher todos
os sóis.
Manhã após manhã,
noite após noite
e queimar...
noite após noite
e queimar...
Queimar,
juntas,
as nossas peles
até que sejamos diversos,
eu e tu,
daquilo que, em nós,
não nos encontra.
juntas,
as nossas peles
até que sejamos diversos,
eu e tu,
daquilo que, em nós,
não nos encontra.
luciana.cavalcanti. maio.2014.
O Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Nem sempre sou igual ao que digo e escrevo
Nem sempre sou igual ao que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...
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