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domingo, 25 de setembro de 2016


















Erickson, Erickson...
Como eu poderei chegar agora
No mercado da Boa Vista
E não haver mais a possibilidade
Da tua presença lá...
Ou na segunda sem lei
No Burburinho
Ou pelas ruas de Recife
Nas noitadas intermináveis...
Escuto o canto do Capibaribe,
Um canto
Triste e silente,
Não ouvirei mais
A tua lucidez, amigo,
Embriagado; pela vida!
A única coisa que eu
Desejo agora
É a morte
Para poder aplacar
A minha dor
Mas,
Não tenho pressa...

Carlos Maia

sábado, 24 de setembro de 2016



















E aqui estamos reunidos
Nesta noite
Sem portais,
Os umbrais do tempo ecoam
No mais longínquo do nosso ser.
Eis tempo, eis templo,
Eu diante de ti
A minha alma acaricia
A luz do espectro
Desta vela,
E ela lança um caleidoscópio
De cores
Em nossas almas;
Vem, vem comigo
Nesta estrada de terra
Sentir a poeira varrer as nossas almas;
Vem andar pelos trigais
Qual Van Gogh em noite
Raio de luz,
E neste templo dos iniciados
O que se escuta
É o crepitar da chama,
    É o crepitar da chama...

Carlos Maia

sexta-feira, 23 de setembro de 2016



















Já fui andorinha, pardal,
Falcão, gaivota e águia.
Já fui Cipreste no sul
Do Líbano.
Coqueiro
Em Arraial-da-Ajuda,
Hoje eu sou um homem
Voando em espantosa velocidade
Pelos confins do Universo
Sou um Pássaro,
Sou um homem,
Sou tantos e ao mesmo tempo
Nenhum.
Em que banco
De ônibus
Ficou perdida
A minha identidade?

Carlos Maia

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

















Ainda hei de fazer uma canção
De amor pra ti Recife,
Recife, dos rios dourados pelas
Luzes da noite.
Recife, dos flamboyants e das acácias.
Recife, das auroras em Boa Viagem
Após porres homéricos na Rua da Moeda.
Recife, das putas adolescentes
Da Cons. Aguiar.
Recife, dos pedintes nos sinais
Recife, dos pôr-dos-sóis no Capibaribe.
Recife, de tanta miséria
Recife, de tanto prazer
Recife, das pontes inumeráveis
Recife, dos poetas espoliados.

Carlos Maia

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

















Coloquei a camisa mais colorida
e o meu colar de poder
aspergí-me com o perfume
das flores campestres
e saí pro mundo
pro turbilhão
das mentes insanas...

Carlos Maia

SAÍ PRO GARAGEM!

terça-feira, 20 de setembro de 2016


Não há mais flores de Maio
E a esperança
Há muito
Adormeceu nas conchas...
Resta uma estrada a seguir
Buscar no âmago
O valor da essência
Não desperdiçar mais
Palavras nem atos
Quase tudo já foi dito...
Ainda queima em meu coração
Este sol dos teus olhos...

Carlos Maia

segunda-feira, 19 de setembro de 2016




















De noite, sob as estrelas
Cavalgar sem rédeas
À beira-mar...
Ah! Estrela-do-mar
Toma meus sonhos
Em teus braços
E conta pra tua
Amiga do céu,
Todos os meus desejos...
De caminhar com
Minha amada
Entre os girassóis,
De colher lírios
No campo...
E de noite, sob as estrelas
Dormir na praia deserta.
Desperta,
Na palma das nossas mãos.

Carlos Maia


domingo, 18 de setembro de 2016



















Meu passado...
Tudo que vivi
Tudo que sou
Todos os descaminhos
Todos os acertos
Todo gozo
Toda dor
Todo aprendizado.
E ao mesmo tempo
É tudo
Como folhas de outono
Voando na relva...

Carlos Maia

sábado, 17 de setembro de 2016



















Segunda-feira morta
No Recife antigo.
Passeio pelos
Recônditos de minha
Alma,
Deserta,
Como este lugar.

Carlos Maia

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

























Olho para a porta aberta
Do meu guarda-roupa
E escrevo esta poesia
Num caderno que não é meu
Com uma caneta
Que não escreve
E ouço
Uma música que já não é minha...
Olho para a porta aberta
De um quarto
Que já não é meu...
Nada me pertence
E eu fecho as portas
Daquela pessoa
Que eu fui;
E não tenho mais
Saudades,
O
  Futuro
         Me
             Espera
                 E eu parto
                     Em busca
    De uma rosa
                perdida
                       a vagar
                pelas
      estradas
da minha
mente...
O Futuro
     Me
       Espera
          caro amigo
                 sentado
             no meu
        quarto
      a
ler playboys
e livros e a me fazer
perguntas.
Olho agora para a porta aberta
Do meu Destino...
E me questiono
Por que a vida
De repente
Ficou sem sentido?
Escrevo com uma caneta sem tinta
     Num caderno que não é meu!
                Acabou a tinta
     mas eu continuo a escrever!
               Acabou a tinta
              a tinta acabou!

Carlos Maia

quinta-feira, 15 de setembro de 2016



















Ah!...As andorinhas,
em seus vôos plenos de sol.
A alegria plena de paz
pulsando em cada célula
do seu ser.
Os Boing’s jamais terão
a alegria desse voo
pleno,
de liberdade,
de vida saudando
o criador,
da alegria de existir,
simplesmente
existir...

Carlos Maia

quarta-feira, 14 de setembro de 2016


Eu, andarilho das estrelas
Navego por
Entre as pedras oníricas
Lembrando-me
De vidas ancestrais...

Carlos Maia

terça-feira, 13 de setembro de 2016


Como se brotasse
Da terra
A indumentária do sonho
Tantas vezes
Acalentado em outonos infernais.
Separação,
Concursos,
Pedras!
Planos de alçar voo
Em espaços mais amenos...

Carlos Maia

segunda-feira, 12 de setembro de 2016




















Uma voz lhe dizia:
Escreva, escreva...
Os olhos não se cansavam de ter o pasmo
de contemplar as coisas como da primeira vez.
Passava horas admirando os ipês da Agamenon
Magalhães. Uma vez quase era atropelado.
Gostava de ficar tomando café durante a noite,
pois era quando produzia mais, adorava o silêncio
noturno que só era quebrado pelas suas músicas
prediletas que escutava com o fone de ouvido.
Estava de saco cheio com as reuniões de
Narcóticos Anônimos. Achar um cérebro
pensante estava cada vez mais difícil nessa cidade. 
Na igreja também não se enquadrava. Tinha parado de
beber e de usar drogas, mas tinha ficado um vazio do
tamanho de um bonde. 100% dos seus amigos ou eram
alcóolatras ou drogonautas. Agora tinha de evitá-los.
E não tinha contra partida. Tinha que dar dentada em
granito. Mas tava conseguindo. Recentemente passou
por uma depressão braba. Vinte e oito dias sem sair de casa.
Conseguiu ficar bom sem remédios. Gostava de ouvir o canto dos pássaros na sua casa. Não tinha mais saco de andar na Jaqueira.
Perdeu as esperanças de fazer um novo círculo de amizade. Se contentava em falar com os velhos amigos por telefone, quando
geralmente os encontrava bêbados, mas ele entrava no clima, 
não precisava de mais nada para fazer a cabeça, era doido por
natureza. O filho mais velho o invejava ao vê-lo altamente eufórico
só com uma latinha de coca-cola. A única coisa que se arrependia
era de não ter experimentado LSD e mescalina. Abria seu coração
como quem abre a porta do guarda roupa. Jesus era seu ídolo, mas
achava que o evangelho estava muito deturpado nas igrejas. Não se sentia à vontade em nenhuma delas. Gostava também de Buda, do
Taoísmo e do Hare Krishna. Adorava meditar. Uma vez ficou meditando
durante três horas seguidas. Saiu andando em estado de graça, rindo
pra todo mundo. Às vezes ele não se suporta, mas passa.

Carlos Maia

domingo, 11 de setembro de 2016
















Por esse mar de telhados
Sombras de sons
Serpenteiam o meu sono,
Gritos esparsos
Ecoam na noite
Como gotas de orvalho,
Brilhos noturnos
De eterno silêncio...
São apenas lembranças
De um tempo recente,
Em que a juventude
Pulsava como uma força
No nosso sangue
E passeávamos os nossos
Corpos bronzeados
Por entre
Praias e sonhos
Como gaivotas encantadas
Pelo brilho do luar...

Carlos Maia

sábado, 10 de setembro de 2016














Terra,
Areia cintilante
Na relva da colina
Recortada num céu sem nuvens...
Árvores,
Raízes para o céu
Galhos como mãos
Pedindo clemência a Deus
Quem me dera,
Chovessem estrelas
Das minhas mãos...

Carlos Maia

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

















Eu quero um amigo
Urgente
Para poder dar
Um abraço
Aonde andam as
Ruas tão vazias
Nestas tardes
de domingo?
Em que Capibaribe
Eu perdi
O meu ser?

Carlos Maia

quinta-feira, 8 de setembro de 2016



















Tanto amor pra dar
Tanta coisa pra falar
Tanto que viver
Tanta alegria transbordando
No coração,
Sem encontrar
Um cálice pra receber!
Mas a vida tá aí
Na cara da gente,
No coração da gente!
É só abrir a porta
Pra deixar ela fluir
E voltar naturalmente.
A vida tá no coração da gente!
Feito um passarinho
Preso, louco pra voar
E que a gente
Prende sem saber
Que o que há de belo
Num passarinho
É o seu voo livre
E não o seu canto preso.

Carlos Maia

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

























Uma garça branca
Repousa no galho de uma árvore
O rio transparece translúcido
Refletindo o céu
Pensamentos e eras voam
Na correnteza do vento
Sonhos da sua bem-aventurança
Retratos de si mesmo...

Carlos Maia

terça-feira, 6 de setembro de 2016

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

























Até onde eu lanço esse grito?
Até o encontro
Das estrelas e das galáxias
Até o vazio
Das paredes deste quarto
Até onde
Vai o medo
Até onde
Uma palavra mal interpretada
vence uma amizade
Até onde
Eu não soube calar
Até onde
Eu não esperei
Até onde
Eu machuquei
Até onde
Eu sangrei todos esses anos
Até
Até
Até
Até encontrar
A Paz...

Carlos Maia

domingo, 4 de setembro de 2016

















Ele me ensinou
A molhar o corpo aos poucos,
Primeiro os braços,
Depois as pernas,
E por último a cabeça.
Para eu poder me acostumar
Quando a água estava muito fria
E ainda não tínhamos chuveiro elétrico.

Ele me ensinou
O nome das árvores
E de todos os pássaros
Que existiam na granja,
Mas eu já os esqueci
Em meus vôos insanos
E caóticos
Por dentro da noite 
E de mim mesmo.

Ele me ensinou também a poupar
Mas eu já me esqueci
Há muito tempo
Na ânsia de viver
Toda a minha vida
Num só segundo.

Mas ele me ensinou
Certas coisas
Que ficaram guardadas como
Pérolas de grande valor
Em compartimentos secretos
Do meu coração:
Honestidade, fidelidade,
Trabalho, perseverança!


Carlos Maia

sábado, 3 de setembro de 2016



















E a cidade brilhava,
Sob as estrelas,
As suas luzes tranquilas...
E lembrava o sonho
Dos Reis Magos
A passear naquele céu
Pleno de paz...
E a terra
Pulsava em harmonia
Naquela noite
Sob as estrelas...
Como se o despertar
Dos homens
Fosse um sonho
Possível,
Naquela noite,
        Naquela cidade,
                    As estrelas...

Carlos Maia

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

UM POEMA NATALINO CRUEL



















Eu queria dizer alguma coisa pura,
mas a pureza já me abandonou
há muito tempo.

Eu queria dizer alguma coisa nobre,
mas a nobreza cata as latas
de lixo nos porões dilacerados
da minha mente,
e não há mais remédio.

Eu queria dizer alguma coisa esperançosa,
mas a esperança
já abandonou o barco após incontáveis
desapontamentos.

E só me resta a dor,
que procuro sufocá-la através das drogas
e do álcool.

Eu queria desejar um Feliz Natal,
mas a realidade aí fora
é cruel demais e eu não consigo
ignorá-la.

Carlos Maia

quinta-feira, 1 de setembro de 2016
















Eu queria saber desenhar
Pra poder dizer tudo
Que vai dentro de mim.
Esse grito contido,
Essa espera,
São frutos de um mesmo
Sentimento.
Sentir Deus em toda sua
Pureza, perfeição e glória.
Ter uma pequena idéia
Do seu reino
Através das estátuas
De sol em
Uma onda que se quebra
Num mar agitado e tenso...
E de uma aurora
Que se descortina
Em mil cores vivas
Esvoaçando e abrindo
Sua mente em paz.
A paz de uma onda
Que se quebra
Contra o vento e deixa
Uma névoa de música
No seu rastro,
Branca e pura como
A areia ainda intocada;
A paz
De um dia novo que
Começa no coração
Da gente;
Como um sentimento
De uma gaivota
Planando num mar
Límpido e cristalino.
E toda a força
Da chuva
Molhando nossas almas
À beira-mar...
E sentir que tão poucos
Sentem isso.

Carlos Maia

quarta-feira, 31 de agosto de 2016


Do alto de uma colina
Contemplava o mar,
O vento batendo com fúria
Em seu rosto.

No peito,
Um coração em pedaços
No chão,
Todos os sonhos
Da adolescência.

Carlos Maia

terça-feira, 30 de agosto de 2016


Você pode me negar
uma estrela
e a minha expansão
ao infinito,
mas é aí que eu lanço
com mais força
o meu grito.

Carlos Maia

segunda-feira, 29 de agosto de 2016



















É preciso reconstruir
Apesar do indescritível
Desânimo dos escombros
É preciso lançar pontes
Novamente em direção
Ao semelhante
E regá-las
Com o firme alicerce
Do perdão
É preciso chorar,
Amar, se dar
Saber que felicidade
É um sonho
Que se constrói no coletivo
E que não há sentido
Em ser feliz sozinho.

Carlos Maia

domingo, 28 de agosto de 2016


















As cores caminham
Entre as bananeiras
E coqueiros.
Por que não dizer as conchas
Entre os coqueiros
Na madrugada de Olinda,
Banho de mar
Entre os barcos brancos
Do Atlântico.
Como se fosse possível
Extrair da boca
A palavra mais pura.
Areia
Entre os corpos molhados
De sol.

Carlos Maia

sábado, 27 de agosto de 2016

























Havia noites em que
A porta ficava aberta,
E podíamos vislumbrar
Na penumbra
A cidade mergulhada na neblina.
Havia noites em que
A porta aberta
Saíamos na chuva
Pelas ladeiras de Olinda.
Havia noites
Em que a tristeza
Era uma mera
Lembrança,
Perdida
Nos confins da infância,
Entre mangueiras
E atiradeiras.
Havia noites
Em que pairava
Como uma gaivota,
A eternidade do momento.

Carlos Maia