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quinta-feira, 25 de setembro de 2014













A vida passando por mim
Em lapsos de 6, 3 ou 9 meses
De internamento.
Não vi o mamoeiro
Da casa do meu filho crescer;
De repente já estava
Com mais de 2 metros de altura.
Viadutos, lojas que fecharam
Outras que abriram
E eu alheio a tudo isso.
Confinado.
Se não, não parava.
Quantos abraços eu deixei de dar
À minha netinha?
Quantos sorrisos deixei de ver
Do meu filho Biel?
Quantas conversas eu deixei de ter
Com meu filho Lucas?
Mas se eu estivesse no processo
Também não teria curtido nada disso.
A intervenção se fez necessária,
Para que eu pudesse retomar das drogas
As rédeas da minha vida.
Muito embora eu saiba que absolutamente
Eu não tenho o controle de nada.
Eu e minhas impotências
Eu e minhas tendências suicidas
Eu e minha paixão pelo abismo,
Pela vertigem, pelo delírio,
Pela contra-cultura.
Eu, qual Ginsberg,
Uivando pelas noites do Recife.
Eu, desesperadamente só.
Eu, que até hoje
Não sei quem sou.
Eu, que busco uma explicação.
Eu, finalmente me aceitando.
Eu e meus paradoxos que não têm fim.
Eu e todas as minhas vidas anteriores.
Eu, sem explicação.
Eu, todos e nenhum.
Buscando, buscando, buscando...
Um sentido...
Uma luz no fim do túnel,
Que não seja um trem
Vindo em sentido contrário!

Carlos Maia
24/09/14

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