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domingo, 28 de junho de 2015

Desmantelo Azul - Carlos Pena Filho




























Desmantelo Azul

Então pintei de azul os meus sapatos 
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos 
e colori as minhas mãos e as tuas

Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas

E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço

E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul: azul.


Carlos Pena Filho

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