Desmantelo
Azul
Então
pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas
Para
extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas
E afogados
em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço
E perdidos
no azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul: azul.
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul: azul.
Carlos Pena
Filho
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