Pintura: Van Gogh
Chinolope vendia jornais e engraxava sapatos
em Havana. Para deixar de ser pobre,
foi-se embora para Nova York.
Lá, alguém deu de presente a ele uma máquina
de fotografia. Chinolope nunca tinha segurado uma
câmera nas mãos, mas disseram a ele que era fácil:
- Você olha por aqui e aperta ali.
E ele começou a andar pelas ruas. Tinha andado
pouco quando escutou tiros e se meteu num
barbeiro e levantou a câmera e olhou
por aqui e apertou ali.
Na barbearia tinham baleado o gângster Joe Anas-
tasia, que estava fazendo a barba, e aquela
foi a primeira foto profissional de Chinolope.
Pagaram uma fortuna por ela.
A foto era uma façanha.
Chinolope tinha conseguido fotografar a morte.
A morte estava ali:
não no morto, nem no matador.
A morte estava na cara do barbeiro
que a viu.
Eduardo Galeano, uruguaio de nascimento, mas mundial, internacional de sentimentos e atos, escreveu de forma clara e transparente, mesmo nos anos sombrios de chumbo grosso, é preciso ler "As Veias Abertas da América Latina" para compreender como somos - repetidamente - tratados como incapazes, burros, otários.... até por brasileiros entreguistas, recolonizados, grosseiros, estúpidos, de costas para seus próprio País !
ResponderExcluir