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domingo, 26 de janeiro de 2014

Poema dos Manguezais - Ramos Sobrinho

























Garças sem fronteiras
visitam o Recife.

Dão-nos a impressão
de representantes
da Unesco,
averiguando,
entre nós,
o desleixo planetário.

Ficam semanas a fio
contemplando
a decadência
dos prédios abandonados,
refletindo
sobre a vaidade dos homens
e
a futilidade perfumada.

Ficam semanas a fio
sobre as folhagens
dos verdes manguezais,
aspiram os odores dos rios,
o calor,
a umidade relativa do ar
da minha infância,
sem nada a reclamar.

Apenas constatam,
vestidas de branco,
sob um céu serenamente
azul,
os sons dos maracatus
de Pernambuco,
e, de quando em quando,
bicam algum alimento
extra,
nas turvas horas das águas.


Olinda, 2013.

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