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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014



















Tempo árido ou Poema Inferno

Lucas Dib - 30 de agosto de 2013 às 23:34
Para Munirah Lopes

E tudo era árido.
O sol era árido,
o solo era árido,
o próximo casamento era árido.
O nosso banho sem água,
os gatos marrons,
a morosa
compaixão
eram áridos.

O bêbado que ajudei caído
Em frente ao circo na Avenida Recife:
Eram áridos,
Ele e a Avenida.

O Mercado da Boa Vista completamente
Lotado
Também me era árido
Sair dele,
A nona Heineken gelada ao som nervoso
De The Doors,
O batom árido,

A mamãe falando para eu não
Parecer mais velho que sou,
A dama da água, árida

Eu sem você, sem porquê e sem chorar,
Árido.

A chuva batendo na rua,
Ela tomando banho de xampu,
A água faltando,
A boca falando.

O terreno que piso,
O amigo ausente,
Zagreu bombardeado
O quarto sem amor,
O filme ruim,
A água na pia,
O fora de controle.

Eu árido,
Sempre árido.
Nunca lama.
Nunca lama. 



In PoesiaAcidental

2 comentários:

  1. Ao dono do blog: sou o escritor do poema e fico feliz em vê-lo sendo perpetuado. Muito obrigado!

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  2. Não há de que, Lucas, o prazer foi meu!!!!
    Abraços!

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