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sábado, 26 de abril de 2014



















Tocam-me de repente o rosto
as lufadas de luz. Eu nada
vejo mas estou incluído
no tempo, na manhã que chega.
Voltaste como um grande amigo
e por trás de mim colocaste
as tuas mãos sobre os meus olhos,
mas não foste reconhecido.
Pouco depois, quando as palavras
fluíram fáceis, novamente,
eu compreendi que estavas perto
e meu poema foi crescendo.
Ó vento conterrâneo! ó nuvem!
passai depressa para os outros
poetas, mais necessitados
e mais sozinhos do que eu.
Põe-se a meu lado quem defende
da malcriada ventania
o meu poema crepitando
como chama em cima da mesa.

Alberto da Cunha Melo
ORAÇÃO PELO POEMA - VI
Foto: © Esmar Abdul5 / After

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