reconto-me
reconto-me
trago-me
em nuvens e viro fumaça
um
coração, uns olhos, duas mãos
um pouco também de perna
que me arrasta
reconto-me
inumeráveis
vezes
reconto-me
como quem não se espera e
não se afasta
reconto-me
como retranco-me
e largo minhas chaves
abandonadas
depois de mim,
recanto-me
em restos de canção quase amputada
um pouco mais de
som
seria
sinto-me
num rastro de solidão
que não se
apaga.
Eduardo Martins
In “Soma dos Inumeráveis”
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