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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

















SUBSCRITO
escrever é como uma febre. forte, intrigante, com ranhuras. saber ter o faro é rasgar-se sobre o vazio sem hora. é como reescrever-se. fundar uma nova bússola. impregnada de insônia e fundos olhos. rasgar palavras na noite, soletrar-se. pandemônio surto sem luz venda destrato. esburacar como uma serpente que enrodilha a presa e estrangula. voracidade dentro da letra. loucas letras luxações de línguas. escrever querendo ou não. tem que parir. como torcer a rede onde a palavra se esconde. um vigilante acordado de larvas verbais. tal mandante que autoriza dissecação de órgãos, violenta excomungação barbárie intrépida estética sem métrica. embiocar-se como uma salamandra cínico almanaque rodopia entre mente, cérebro. mão que explode no vazio do visor verbal. paragrafoseando uma matilha descontextualizada. e rir penar de pensar parar silêncio. é no vazio onde o vácuo do verbo voa. sugando expiação tentativa doida. esticar-se como um escuro que visita um vulto verbal. profundo fundo do poço palavra. uma longuíssima luta letral. sem trégua. sem régua. névoa verboa. em um salto, caldo em crise canto. as palavras nascem quando você adormece. entre a mão e a mente ardente. fundo fogo fura cata miolo. caça cabeça traça. vil ventre verbo. sujeito frio, sem teto.
Carlos Gurgel

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