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sexta-feira, 3 de outubro de 2014























DA ADORAÇÃO EXPECTANTE IV

                                                         Ângelo Monteiro

Por sobre um mundo plano e tão conforme,
sem vastidões, sem ondas, sem mistério,
foi que tu, confidente dos abismos,
confabulaste com o meu ser eterno.

E despertaste em mim o amor do abismo
ou essa vocação ilimitada
que temos para amar os imprevistos,
para enfrentar sorrindo o próprio nada.

Contra o carbono dos surrados dias,
a desfiarem seu tédio e seu cansaço,
apontaste a voragem por espaço

e as longínquas paragens de onde viemos,
totais e puros: toda esta magia
que, faltos de paixão, adormecemos.

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