Translate

quarta-feira, 1 de outubro de 2014




















EU DEIXARA ESTE VERDE COMO HERANÇA

                                                                          Ângelo Monteiro

Eu deixara este verde como herança,
se do peso do verde, libertado,
pudesse o mar em mim enclausurado,
rebentar as barreiras da esperança.

Ó ditoso país da remembrança,
cujo mar não me afoga, mesmo irado.
Mas se divide em dois, e desmembrado,
abre lúcida margem que me alcança.

Tal não é este mar, sempre agitado,
que trago dentro em mim, capturado,
na fé, no amor e na desesperança.

Como quem traz em si a força e o fado.
E, posto que este mar seja sonhado,
eu vos deixo o seu verde como herança.


Nenhum comentário:

Postar um comentário