Translate

terça-feira, 27 de outubro de 2015




















SÉQÜITO
soberba é a paz de quem já partiu
como uma bigorna preta e sem sorte
velame da estrada entre cactus e flores
rejunte de escarros, poeiras e piolhos
uma face floresce sobre a borra do capim
utensílio do que a cisterna da hora ora
fuligem planta do barro da cruz que sangra
tal o monte entre choros e velas
o corpo entre o azogue do calor se trai
fermento que aos poucos apodrece
roupa, chaves, um dinheiro e faca
bandoleiro da mata que corre e berra
o cortejo de vultos se aproxima da lápide
nervosa, assassina, desconhecida e parda
richicoteia o espírito sobre o sol que não tarda
cadáver podre sobre as carrancas do vazio
ao longe os olhos de quem vive espanta
a carcaça da calçada se cobre de couro
e estopim
o cheiro da morte se espalha e escarra
como um lúgubre piso que se esconde
e gralha
e como um véu a partida não tem falha
nessa ilha de muitos corpos e asmas
corte da alma como tez fantasma
por baixo da terra de adubo tão canalha.
Cgurgel

Nenhum comentário:

Postar um comentário