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domingo, 3 de janeiro de 2016




























MARINHEIRAS

Quando for de tardezinha
Minha companheira
Na beira do rio,
Lá nas marinheiras,
Meus olhos vazios
Vão te espiar.

Lembra da lua saindo
Por trás da palmeira?
O rio é profundo
E a dor, traiçoeira,
Tem dedos macios
Pra me pentear.

Nunca matei passarinho
Este é o meu segredo,
Que a água do rio
Não pode escutar.
Viver sem carinho
Me mata de medo;
Eu sei que outro bicho
Vai te cobiçar.

Se a tua beleza
Adormece mais cedo,
Eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois os teus cabelos
Me escorrem entre
Os dedos, e a água do rio
Vai te carregar...

Acho que foi num domingo,
Foi no derradeiro,
Que senti no cheiro
Nascer meu penar,
Um cego menino
Veio me contar.

Trazendo a felicidade
Chegou um veleiro,
Com as cores mais lindas
Deste mundo inteiro,
Lá do meu terreiro
Eu pude avistar.

Uma formosa senhora
De olhar estrangeiro,
Que o meu "Sete Estrelo"
Pretende ofuscar,
Que luz irradia,

Arde o seu cabelo
Como um pesadelo
A me condenar.
Mudaram meu nome...
Cortaram minha veia...
E eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois os teus cabelos
Me escorrem entre os dedos,
E a água do rio,
Vai te carregar...


Fausto Nilo

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