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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014






















Eu Sou Safo de Lesbos
(a despeito de uma injustiça)
                                                          Gilmar Serra
Eu sou Safo de Lesbos
Cujos poemas foram queimados
Pelos equívocos cristãos
Eu sou Safo de Lesbos
Décima musa
Vaticinada por Platão
Sou eu, sim, Safo de Lesbos
A imputada de todos os vícios
Mater-matriz da femele devassa
(Safada é pouco)
Sim, sou eu, Safo de Lesbos
A mais louca e impetuosa "amante e nume"
Mas Lesbos, nunca mais deixará de haver poesia
Porque eu a vivi nua
E então o amor só tem sido escarnecido
Pelos alijados de verdade
Os degenerados maquiados de honrarias
Tão estranhos à pureza lesbo-helênica e à Safo
Sou eu mesma, como nunca me quereis
Esférica - sobrevivente ao corte
Plena - na minha ampla fruição
Bela como a lua cheia
Intrépida - porque certa - como ventania
E boa como o entardecer
Sou eu, sim, que me apresento
Safo de Lesbos
Que apenas regi a doce música
De "onde em cascatas escorrem sempre os beijos"
A doce mágica música da minha Grécia
Que entristeço com essa outra Safo
De mentira
Com essa outra Safo
Indigna, sem grinalda
Que o mundo grita em coro
(Tão injusto e mentiroso)
Safada é pouco!

Sarau da Boa Vista | noite de 29/11/2014

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