Província
Cidadezinha perdida
no inverno denso de bruma,
que é de teus morros de sombra,
do teu mar de branda espuma,
no inverno denso de bruma,
que é de teus morros de sombra,
do teu mar de branda espuma,
das tuas árvores frias
subindo das ruas mortas?
Que é das palmas que bateram
na noite das tuas portas?
subindo das ruas mortas?
Que é das palmas que bateram
na noite das tuas portas?
Pela janela baixinha,
viam-se os círios acesos,
e as flores se desfolhavam
perto dos soluços presos.
viam-se os círios acesos,
e as flores se desfolhavam
perto dos soluços presos.
Pela curva dos caminhos,
cheirava a capim e a orvalho
e muito longe as harmônicas
riam, depois do trabalho.
cheirava a capim e a orvalho
e muito longe as harmônicas
riam, depois do trabalho.
Que é feito da tua praça,
onde a morena sorria
com tanta noite nos olhos
e, na boca, tanto dia?
onde a morena sorria
com tanta noite nos olhos
e, na boca, tanto dia?
Que é feito daquelas caras
escondendo o seu segredo?
Dos corredores escuros
com paredes só de medo?
escondendo o seu segredo?
Dos corredores escuros
com paredes só de medo?
Que é feito da minha vida?
abandonada na tua,
do instante de pensamento
deixado nalguma rua?
abandonada na tua,
do instante de pensamento
deixado nalguma rua?
Do perfume que me deste,
que nutriu minha existência
e hoje é um tempo de saudade,
sobre a minha própria ausência?
que nutriu minha existência
e hoje é um tempo de saudade,
sobre a minha própria ausência?
Cecília Meireles,
in Viagem
in Viagem
Fonte: Amália Catarina
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