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sábado, 13 de dezembro de 2014

Um Índio - Caetano Veloso




















Um Índio
 
Um índio descerá de uma estrela colorida brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul
Na América num claro  instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada
Das mais avançadas das tecnologias

Virá impávido que nem Muhamed Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé,  Filhos de Gandhi
Virá
 
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido , todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor,
Em gesto, em cheiro, em sombra,
Em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto sim resplandecente descerá  o índio
E as coisa que ele dirá , fará, não sei dizer 
assim de de um modo explícito

Virá impávido que nem Muhamed Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranquilo  e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé,  Filhos de Gandhi 
Virá 
 
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá  a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder estar sempre
Estado oculto quando terá sido o óbvio

Caetano Veloso

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