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terça-feira, 23 de dezembro de 2014






















RASTRO

Se rastro de pólvora
se areia escura
se cinza funerária
se a visão enganada

não sei.

Olho o chão.

Se poeira do tempo
se sujeira de tudo
se resquícios da festa
se cupim na madeira

apodrece,

e olho o chão.

Por isso mesmo,
apodrece.

E há
cheiro de pólvora
lama e areia
prenúncio de morte
e a cegueira
irreversível...

Como o correr do tempo
como o cansaço de tudo
como a ressaca da festa
como desgasta a madeira

irreversível!

Olho o chão.

Entonteço
e não tombo:
sei mais que antes.


Luciana Cavalcanti
Fonte: http://poesiapouca.blogspot.com.br/

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