Certa
vez, Fernando Pessoa
perguntou
ao Sá Carneiro:
“De
que cor será o sentir?”
E
eu respondi assim:
De que cor ficou o Sá Carneiro
com tamanha interrogação?
Decerto que o poeta traz no bolso
todas as cores.
Mas
definir a cor do sentir
deve
ser tão duro
quanto
o próprio silêncio
que
antecedeu a resposta
(se
houve resposta)
imagino
a pessoa do Sá
na
pessoa do Pessoa.
De que cor o Pessoa pensou
que o Sá iria pensar?
Pergunto porque já estou pálido
de virar noites à dentro
espantando moscas e mosquitos.
Ontem
por sinal
nadei
nadei
e
nada.
“Vou
terminar morrendo afogado dentro dos fatos”
Alguém dos Aflitos saberia?
Já disseram por aí
que na lata do poeta
“Tudo nada cabe”.
E a mim só me cabe
chutar a lata.
Pois
é dentro da lata que encontramos
tudo
aquilo que não é lata.
Quanto à cor do sentir
cada um que sinta por si.
Miró
em
“Ilusão de Ética”
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