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domingo, 8 de novembro de 2015




















eu gostava de poder dizer
que entrei no teu corpo como um pássaro
espreitando através de invisíveis ruínas
e que o som da tua voz bastava
para me salvar

mas de anda serve inventar palavras
quando as palavras que inventamos
não passam de frágeis lugares de exílio
dos gestos inventados fora de horas
delimitando o espaço de tantas mortes prematuras
de que juramos ressuscitar um dia

- quando os deuses se lembrassem
de acordar ao nosso lado

Alice Vieira
"Dois Corpos Tombando na Água"
Lisboa: Caminho, 2007

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