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sexta-feira, 6 de novembro de 2015






















GAIBÚ


As ondas quebram transparecendo como diamantes,
O sol se põe dando sentido às estrelas que
brilham em silêncio.
O amor cresce e emerge de todos os poros
irradiados de prata
Um anjo desce dourado sorrindo ao soar do vento
A praia, de cima é vista por um pássaro calado e atento
as árvores dançam enfeitiçadas pelo som da natureza
Deus compõe e participa no verde do vegetal,
mas não se limita em chamar o belo azul do mar céu
Uma magia transcendental guarda os pensamentos
em volta de um manto de dúvidas
Tudo parece ter sentido nas areias brancas e
transparentes daquela praia
As coisas acontecem em Gaibú.
Há obstáculos nas montanhas feitas de pedras
que ali se acomodam arrastadas pelas águas.
Criados de sopro são os guardiões das puras fantasias
vindas num cantar surdo de cigarra
O sensual se despreende natural
da carne como tudo é amor
quando visto por lágrimas de espermas
Espíritos vagam pacificamente a cada quebrar de ondas
que geram espuma de algodão doce
É só sentir e entregar à flor dos cogumelos a
essência d’alma perdida nas nuvens
Um índio enfeitado de jasmins contempla
o ritmo da música
que não é escutada por acaso
É fazer amor tropical na relva entregue a transparentes
raios de luar
As bocas não sabem exprimir o que sentem
apenas suspiram o gozo celestial
da carne deliciosamente queimada
Quando surge o encanto chega a dar medo,
que assusta a mariposa que mal acabou de pousar
no ombro de quem sabe amar
Um pescador na distância lança sereno sua rede
na esperança de procriar gerações
Um monge dorme na caiçara demonstrando
a insegurança da posição fetal
Corre mel nos seios das adolescentes que menstruando
descobrem o sentido de ser mulher
Crianças brincam na madrugada, que chega soprando frio
A liberdade faz a cabeça de todos que descalços
dançam ao suave som de flauta
Tudo parece ter sentido nas areias brancas e
transparentes daquela praia
As coisas acontecem em Gaibú.


Ernesto Mellet.                                                                     
27/08/79.



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