XIII (Trilce)
Penso em teu sexo.
Reduzido o coração, penso em teu sexo
diante do raiar maduro do dia.
Digito o botão da felicidade, está preparado.
E desaparece o sentimento antigo
degenerando com prudência.
Reduzido o coração, penso em teu sexo
diante do raiar maduro do dia.
Digito o botão da felicidade, está preparado.
E desaparece o sentimento antigo
degenerando com prudência.
Penso em teu sexo, o sulco mais fecundo
e harmonioso que o ventre da Sombra,
embora a Morte possa conceber e gerar
o próprio Deus.
e harmonioso que o ventre da Sombra,
embora a Morte possa conceber e gerar
o próprio Deus.
Oh Consciência
penso, sim, no animal livre
que copula onde quer, onde pode.
penso, sim, no animal livre
que copula onde quer, onde pode.
Oh , escândalo de mel dos crepúsculos
oh estrondo mudo
oh estrondo mudo
odumodnortse!
XXIII (Trilce)
Moinho candente dos biscoitos,
pura gema infantil e inumerável, mãe.
pura gema infantil e inumerável, mãe.
Oh os quatro remoinhos assombrosamente
por mondar, mãe: os infelizes.
As duas irmãs, Miguel que morreu
e eu arrastando
uma trança por cada letra do alfabeto.
por mondar, mãe: os infelizes.
As duas irmãs, Miguel que morreu
e eu arrastando
uma trança por cada letra do alfabeto.
Repartias na sala de cima
de manhã e a tarde, trabalho em dobro,
as hóstias soberbas do tempo
para que não sobrassem
as cascas dos relógios parados à meia-noite
em ponto.
de manhã e a tarde, trabalho em dobro,
as hóstias soberbas do tempo
para que não sobrassem
as cascas dos relógios parados à meia-noite
em ponto.
Mãe, e agora? Em qual alvéolo
ficaria, em que rebento capilar,
certa migalha que sufoca a garganta
e não quer passar. Hoje, até
os ossos puros se transformam em farinha
que não será amassada
a terna doceira do amor!
Até a sombra crua e o grande molar
cuja gengiva lateja na covinha láctea
e inadvertido lavra e fervilha, observaste tantas vezes
as mãos cerradas dos recém nascidos.
ficaria, em que rebento capilar,
certa migalha que sufoca a garganta
e não quer passar. Hoje, até
os ossos puros se transformam em farinha
que não será amassada
a terna doceira do amor!
Até a sombra crua e o grande molar
cuja gengiva lateja na covinha láctea
e inadvertido lavra e fervilha, observaste tantas vezes
as mãos cerradas dos recém nascidos.
A terra há de ouvir no teu silêncio
como nos exigem
o aluguel do mundo onde nos abandonaste
e o valor daquele pão interminável.
como nos exigem
o aluguel do mundo onde nos abandonaste
e o valor daquele pão interminável.
E cobraram-nos, embora fôssemos
ainda jovens, como havias de perceber,
não poderíamos arrebatar nada.
Quando foi que nos deste algo,
Diz, Mãe?
ainda jovens, como havias de perceber,
não poderíamos arrebatar nada.
Quando foi que nos deste algo,
Diz, Mãe?
César Vallejo
(Trad. Jorge Henrique Bastos)
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